segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Isso não é uma despedida e sim um até logo.

Tomei a liberdade de postar esta carta que me foi enviada pela aluna Júlia do CB flamenco.
Por isso danço, por isso perco noites de sono, por isso sigo em frente, por isso sou feliz!
Obrigado Júlia, o TIO te ama.


Tio Maiher,
Não sei por onde começar, talvez por aquela despedida tensa do teatro, pela despedida na aula, pelos melhores momentos de apresentações, ou pelo meu primeiro dia de aula. Talvez você não saiba que quando fiz a aula experimental, com a Marcela sai da escola apaixonada pela dança, mas não sabia o que fazer, já que havia marcado no mesmo dia a educação física da escola no mesmo horário das aulas, e no ano anterior quase havia pegado recuperação na matéria por frequência. No outro dia, a coordenadora cancelou o esporte que havia marcado e me deixou pegar a dispensa. Hoje chamaria a Belinha de santa, por que graças a ela pude começar a fazer as aulas. No meio de 2009, você me aterrorizou, colocou o iniciante para dançar na reapresentação dos 4 elementos, se não me engano, e não lembrava qual seria a sensação de estar no palco, a ultima vez que havia entrado, não tinha noção nenhuma do que estava fazendo. Mas foi ótimo, tive a certeza de que estava fazendo aquilo porque gostava. No final do ano, dançamos no show A Rua, lindo, estava cada vez mais apaixonada com o flamenco e babava nas danças do Corpo de Baile, colocando as meninas como minha fonte de inspiração. Entramos em 2010, tudo bem até o mês de junho você e convidar para entrar no Corpo de Baile, e a duvida, aceitar e dançar com as meninas que admirava, ou não aceitava, pois nunca conseguiria chegar ao nível de dançar igual a elas. Aceitei o desafio, e comecei a entrar em conflitos com varias coisas, ao manusear leques, ai pegar coreografias em ritmo acelerado, a ter mais maturidade. Com a apresentação do show 4 Estações, meu segundo festival, dançava com o grupo “profissional’, mesmo sabendo que não estava ao nível delas, foi perfeito. Me fez crescer mais em quesito dança, além de adiar minha mudança para BH. Vou confessar que não foi fácil, contrariar os desejos do meu pai e seu conservadorismo, mudar o meu sonho de mudar para lá, tudo isso porque havia trocado minhas prioridades, colocado a dança no primeiro patamar. Entrou em inicio 2011, um ano que para mim foi difícil um ano que já sabia que seria de despedidas, a primeira dificuldade intercalar as aulas que antes eram sábado, com provas e atividades escolares, que sabia que mesmo não querendo deveriam vir primeiro. Este problema foi resolvido quando as aulas passaram para quarta, que mesmo saindo as vezes direto da escola, era recompensado só de que ainda estava dançando. Sei que você abriu mão de excelentes bailarinas, mas agradeço por essa mudança, porque com ela consegui continuar, sendo que antes estava seriamente pensando em abandonar, por mais que o meu amor a dança, que veio crescendo ao longo do tempo, fosse superior, estava cansada desta rotina. Ai veio a temporada de shows, a representação do show, a vitória no unidance, pátio, participação da escola Andrea Bravim(se também não me engano),e terminou em Cajuru, com aquela arrepiante apresentação, só durante esse período tenho histórias que se eu contar ninguém acreditaria, lembranças que irei levar para sempre, imagina do resto ? Começou o preparo para meu possível ultimo festival, ia babando em cada coreografia que você passava, e dançar aquilo para mim era uma honra. Apesar do meu sentimento de sempre tentar dar o melhor de mim, o meu perfeccionismo em tentar fazer o mais bonito, o melhor, de que eu era a pior, que pode ter me atrapalhado um pouco. De ensaios a ensaios, chegamos no tão esperado dia. O dia que colocamos todas as ideias em pratica, o dia em que provamos o que sabíamos, e tentamos conquistar o máximo de pessoas que conseguimos. O show Flores trouxe consigo, para mim, uma ideia de trabalho realizado, da construção de uma nova família, e a despedida. A palavra despedida, foi uma palavra que nunca consegui aceitar bem, talvez porque não tive a oportunidade de fazer isso com muitas das pessoas que eu amava, talvez a vida não deixa que possamos nos despedir, e fui aprendendo assim, mas agora, tendo que despedir de pessoas que eu amo, e a vida me dando essa oportunidade, acho que é mais difícil, por talvez não ter essa experiência. Acho que por me apegar muito fácil as pessoas, despedir delas é tão difícil. Mas sempre chega a hora e como minha professora escreveu parao texto de formatura “Mas, como em todos os contos de fada, chega aquela hora em que autor pega relutante a caneta e escreve ‘e foram felizes para sempre...’ E como essas reticênciasfalam alto. Elas combinam a vontade de ir embora com a certeza de que eu poderiaficar mais um pouquinho...e elas incluem um sentimento universal, compartilhadopor todas as culturas, que só a maravilhosa língua portuguesa foi capaz deconcretiza-la: SAUDADE..” Como ela disse chega uma hora que achamos que temos que ir mas temos a certeza de que poderíamos ficar mais um pouco. Mas como você já me disse, tem uma hora que devemos ir, e como uma vez escutei meu coração, fiquei, e não me arrependo nem um pouco. Portanto, acredito que dessa vez devo escutar a minha razão, devo mudar, será melhor para mim para que eu possa crescer possa me consolidar em termos profissionais.
Eu tenho que só te agradecer, por tudo, pela enorme oportunidade de me fazer uma das pessoas mais felizes do mundo (juro,haha) pelos enormes conselhos, pelas piadas mais sem graça do mundo, pelo seu jeito divertido, acolhedor, pelo tio que você foi para mim quando eu mais precisava, o amigo que você se tornou para mim durante esses anos. Juro que quero ate agradecer pelos sermões, puxões de orelha, pelos berros, por tudo. Pois, apesar de as vezes acharmos ruim, nos faz rever algumas coisas, e nos vai nos transformando.
Clarisse Lispector disse uma vez que: “Sonhe com aquilo que você quiser.Lute pelo que você quer ser, mas não esqueça das pessoas que passam por suas vidas”  Pode deixar que quando a saudade bater muito forte, ou as tais reticencias do texto aparecerem, ou nem mesmo nenhum dos dois quando eu resolver que quero ve-los, irei voltar para casa, irei voltar para a minha nova família.
Te amo muito, não esquece disso.

2 comentários:

  1. Realmente é maravilhoso quando a gente consegue realizar um sonho, vencer, fazer com a alma aquilo que gosta.Eu sei o que ela está sentindo, eu amo dançar e queria ser professora de dança, mas fico feliz quando encontro um pé de valso e danço bastante.Aprendi com meu pai. quando eu estava com 12anos.Há umas décadas!Sucesso para vocês.são muito lindos!Beijos!Maria Helena

    ResponderExcluir
  2. O ano das flores

    Vejo o ano das Flores,
    É quando chega enfim
    Após plantar, irrigar, cuidar
    O momento do desabrochar.

    Gostaria de ter aquela Flor.
    Seu Plantio é feito de sonhos,
    De intenções que realizam desejos,
    Dos mais profundos a se conquistar.

    Para chamar de minha.
    Onde o trabalho é o presente,
    E o fazer, torna-se o nutrir do descobrir,
    Uma Tulipa, uma Azaléia ou uma Amarílis.

    Não pelo sentido de posse.
    O momento é de sair, sentir o vento
    Desenvolver a entrega sem temor
    Florir-se além dos limites de um jardim.

    Mas sim pelo desejo do amor.
    Usar da arte do cuidar sem se alienar
    Seja com a rosa ou com seus espinhos,
    Apenas viver o momento que é sempre exato.

    E se encontrar ao olhar um arco-iris,
    Pois este é o ano das flores
    Que urgirá na Saudade eterna,
    A entrega da alma realizada.

    A motivação, transpiração e a paixão.
    E que o sol ilumine e abençoe,
    Neste que é o ano das flores,
    O sair, o caminhar e o seguir dos amores.

    ResponderExcluir